segunda-feira, 17 de maio de 2010

O inglês ... e o "cymraeg"

Como muitos de vós sabem, no País de Gales não se fala exclusivamente o inglês.



















Placa bilingue em Cardiff: inglês e galês. (foto retirada de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:CallaghanSquareSignCardiffCaerdydd200507_CopyrightKaihsuTai.jpg)

Nesta imagem podem ver que as indicações estão feitas em duas línguas: o inglês e o galês (não, não é "gaélico". Existem semelhanças, mas este último é falado na Escócia.). Vocês "acreditam" que é galês o que está escrito na placa, não é? Pois não parece haver (e não há mesmo!!) grande similitude com o nosso bem conhecido inglês.

O galês deriva do idioma dos antigos povos Célticos que ocuparam o território do País de Gales no século VI, tornando-se desta forma a mais antiga língua ainda activa do Reino Unido. O inglês surgiu noutra era e de uma origem totalmente diferente: os Anglo-Saxões. Estes vieram das actuais Alemanha e Escandinávia, "fundindo" ao longo de três séculos (desde o século VIII ao século XI) os seus idiomas primitivos naquilo que podemos chamar de "inglês original". Ou seja, para grandes diferenças na origem, grandes diferenças na fonia/morfologia.

O alfabeto "galês" tem 28 letras, ao contrário do alfabeto latino (que tem 23 letras) e existe acentuação, o que não existe no inglês. É também de notar a estrutura frásica, que é muito mais próxima da nossa, ao contrário do inglês onde existe a chamada "inversão do sujeito". Existem muitas outras diferenças que não interessa aqui mencionar (e das quais apenas sei pois investiguei um pouco, claro!).

Hoje em dia, o galês (cymraeg) é tão lingua ofícial do País de Gales como o é o inglês. E tem os mesmos direitos, institucionalmente. Daí aparecer em todas as placas indicativas, bem como em edifícios e nomes de ruas! (mesmo que o nome de algumas ruas em galês tenha sido inventado a partir da palavra inglesa correspondente!)

Mas desenganem-se se pensam que esta é uma língua residual/em desuso. Não é bem assim! Na verdade, 20% da população fala a língua e este numero tem vindo a crescer, pois existem cada vez mais escolas primárias que leccionam 100% em galês. Isto deve-se grandemente ao sentimento nacionalista da população (e, por consequência, anti-Coroa Real), que tem vindo a ganhar terreno desde meados do século XX - com o fim do império do carvão. Porém, não é vulgar ouvir falar galês em Cardiff, bem como nas outras grandes cidades de Gales (Swansea e Newport). Este crescimento têm-se verificado mais nas zonas rurais, no Norte e Oeste do país.

Como calculam, não "pesco" nada de galês, mas acho-lhe piada. E acima de tudo tenho muito respeito por este povo, que está a lutar por preservar uma raiz, em contra-ciclo com a tendência actual de "harmonização" cultural (eufemismo de globalização), que tem vindo a fazer desaparecer (quase) tudo o que é típico e regional. "Well done, welsh people"! Ou deverei dizer: "wneud yn dda, pobl Cymraeg!" ?
 

0 comentários: