sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Burocracia contra ataca - a electricidade

Bem tínhamos dito que voltaríamos às burocracias da casa caso se justificasse. Após 10 meses vamos agora pagar a nossa primeira factura de electricidade (gás ainda estamos para ver...). Depois de vários episódios, alguns deles bem rocambolescos, claro. Difícil de acreditar?

Pois parece que por estes lados isto é mais frequente do que podem imaginar. A separação do negócio de venda de energia a consumidores domésticos por várias empresas (privadas) - a chamada liberalização - levou a que qualquer consumidor possa escolher e trocar de operador à sua vontade e sem qualquer penalização. Este processo está agora ao rubro em Portugal, mas no Reino Unido o fenómeno já tem vários anos. Para funcionar, isto envolve não só os diversos fornecedores mas também múltiplos intermediários. E cresce a burocracia...

O que aconteceu no nosso caso é que, como em muitas casas por este país fora, houve algures uma alteração na topologia da casa para passar de uma grande casa para 4/5 pequenos apartamentos. Isto para responder às sempre grandes necessidades de arrendamento (outro mundo comparado com Portugal). E o que isto tem de especial? É que ao instalar novos contadores, eles ficaram propriedade de diferentes companhias de electricidade. Algumas delas faliram ou foram absorvidas por outras. Pelo meio, perdeu-se informação. Mais, a maior parte dos contadores ficou associado a diferentes configurações de morada: uns ficaram com "apartamento 1", outros com "primeiro andar", outros ainda "apartamento B". E quando houveram alterações de fornecedor, o novo fornecedor consultou as bases de dados nacionais, dos correios e dos councils e não encontrou maneira de relacionar moradas com contadores. E numas moradas o contador era bi-horário, noutros era de tarifa simples... Logo, não havia maneira de cobrar correctamente as pessoas. E isto arrastou-se... até agora!

Ao chegarmos a esta casa, iniciamos o processo de contactar o fornecedor de electricidade e tivemos a completa noção que eles estavam às aranhas. Foi graças aos dados que fomos fornecendo, à ajuda da senhoria e às visitas à casa de técnicos que se foi desenrolando o novelo e se conseguiu atribuir moradas a contadores e o fornecedor pode solicitar alterações para harmonizar as moradas nas bases de dados de electricidade. Mas ainda falta o gás...

Temos a perfeita noção que se fizéssemos o que todos para trás fizeram nesta casa (assobiar para o ar e deixar andar), não pagaríamos nem um cêntimo. Quantos casos destes e similares não haverão por aí e que nunca se irão resolver? Milhares, dizemos nós. "It's hopeless", como disse sabiamente a nossa senhoria.
 

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