sexta-feira, 31 de maio de 2013

Parques de estacionamento: um verdadeiro tormento!

Regra geral, ter carro no Reino Unido é boa ideia.

As distâncias a cobrir são muito grandes (quando comparamos com Portugal), o terreno é tendencialmente plano, os custos são relativamente reduzidos (contam-se pelos dedos de uma mão as portagens no país inteiro e o custo do combustível é razoável). O sistema de comboios é extremamente eficiente mas, em muitos casos, caro. Logo, ter um carro é uma escolha óbvia para quem mora fora de Londres (sim, um carro em Londres é só mesmo para quem for doidinho, precisar mesmo muito ou tiver muito dinheiro).

Tendo dito isto, "não há bela sem senão", como diz o povo. E este "senão" irrita tanto que por vezes faz esquecer as vantagens acima. Estou a falar de estacionar e, mais concretamente, de parques de estacionamento!

O símbolo de Park & Ride (fonte: nph.de)
É praticamente impossível estacionar livremente no Reino Unido. Ou é proibido estacionar (linha amarela), ou os lugares estão reservados a moradores (muitíssimo frequente) ou há parquímetros (regra geral: muito poucos, muito caros e utilizáveis por um período muito limitado de tempo - até duas horas de permanência). Há também parques de estacionamento de longa duração junto aos centros das cidades, mas são, como se diz aqui, eyewatering (tão caros que até fazem chorar...).

O cúmulo disto é em Peterborough onde, para além de não se conseguir estacionar em lado nenhum da cidade a preços razoáveis, até para estacionar no hipermercado ASDA se tem de pagar! E o pessoal paga mesmo! O tio Belmiro qualquer dia ainda se vai lembrar disto...

Ah e se pensam "estaciona-se à Português", esqueçam. Aqui não há brincadeiras: caso não seja a (eficiente) vigilância a apanhar-vos mal estacionados, os locais fazem-vos esse favor. Já ambos tivemos o desprazer de sermos "convidados" a estacionar noutro sítio, mesmo não estando a chatear ninguém...

Existe uma outra alternativa, da qual temos sido grandes adeptos ultimamente, depois de muitas e desesperantes tentativas nos centros de algumas cidades.

Autocarro de Park & Ride em Oxford (fonte: showbus.com)
É o chamado Park & Ride (P+R): a troco de um bilhete de ida e volta de autocarro (ou comboio, conforme o caso) para o centro da cidade, a empresa de transporte "oferece" estacionamento gratuito para o carro. Normalmente, estes serviços são frequentes (10 em 10 minutos) e rápidos. Os custos variam: por exemplo, em Cambridge o bilhete de autocarro é individual (cada pessoa tem de comprar o seu). Por outro lado, em Nottingham é muito mais interessante: o bilhete é por veículo, ou seja, até 6 pessoas que viajam juntas podem circular com o mesmo bilhete.

Agora já estamos mais conformados com o "sistema" e portanto, antes de ir para seja onde for de carro, vemos sempre onde é o Park & Ride. Se não podes vencer, junta-te a eles...

P.S.: Este é o centésimo post d'O Meu Lado Solar! 
É fantástico ter chegado a esta marca e queremos continuar. Temos de vos agradecer, pois quem nos lê é o que nos motiva a escrever. Queremos continuar a ouvir o vosso feedback, seja nos comentários do blog ou nas redes sociais. Um simples "gosto" ou "+1" já é motivo de alegria para nós!

Que o nosso (e vosso) Lado Solar continue a brilhar...e cada vez mais!
 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ir ao dentista no Reino Unido: uma experiência "Ryanair" (parte 2)

No post anterior, acabamos a dizer que teríamos de nos registar num dentista para poder finalmente "atacar o bicho". 

Um pormenor importante é que qualquer clínica dentária aqui no Reino Unido (NHS ou privados) só trabalha de 2ª a 6ª, das 9h às 17h/18h no máximo. Significa isto que, para ir ao dentista não tens outra alternativa senão pedir para entrar mais tarde ou sair mais cedo do trabalho. 

Assim sendo, 2ª feira, antes de ir trabalhar, lá estava eu à hora de abertura da clínica mais perto de minha casa para me registar e tentar arranjar o "milagre" de ter uma consulta nessa mesma semana. O "milagre" deu-se para o dia seguinte, pois consegui finalmente uma consulta (pensava eu, para mandar a minha dor de dentes embora de vez!). 

Nada a dizer da dentista, pois era muito simpática e atenciosa, já do tratamento, enfim...É ao bom estilo Ryanair: temos a base - 30 libras - (primeira consulta, nas posteriores é mais barato) e depois qualquer serviço paga-se à parte! Por cada raio-X foram 7.5 libras (foram 4 no total, portanto é só multiplicarem). E ponto final da consulta, pois o tratamento teria que ser noutra marcação pois a 1ª consulta é só avaliação! Maravilha, não é? Ah e a cereja no topo do bolo ficou para o fim, pois o diagnóstico era infecção num molar e a necessidade de fazer uma desvitalização (ou root canal treatment, como é conhecido por estes lados). Pois bem esse serviço custa nem mais nem menos que 300 libras! É verdade, não me enganei a escrever nem pus mais um zero. Aliás, varia entre 300 e 500 libras pelo país fora! Eles poderiam fazer esse tratamento "convencionado" com o NHS e isso custar 48 libras aos pacientes, mas nem eles nem quase ninguém o faz, claro, ao bom estilo "cartel": assim comemos todos...

Evidentemente disse "Nem pensar" e perguntei se não poderia fazer nada para me aliviar a dor até ir a Portugal nas férias e ir à minha dentista habitual. Pois mesmo que precise de mais do que uma consulta para concluir o processo de desvitalização, ficará bem menos que 350 euros (as tais 300 libras, ao câmbio actual). Ela riu-se. Marquei 2ª consulta para fazer um tratamento "para aguentar" e, até ver, a dor foi embora e vou-me safando. Espero que assim continue até voltar aí! (*batida na madeira*)

Resumindo, quando digo experiência ao estilo Ryanair não estou a exagerar, pois tudo o que não faz parte do valor inicial da consulta é extra e a conta é como o balão: sobe sobe! Por exemplo, se tivesse feito uma daquelas limpezas dentárias básicas, eram mais 18 libras a somar à base... e sem copinho de água no fim para tirar os restos da intervenção. Pequenos pormenores que dizem muito... Nada como a nossa TAP, onde somos tratados como passageiros e nos sentimos em casa!...

E ainda nos queixamos dos dentistas serem caros em Portugal, depois disto fiquei verdadeiramente tentada a tirar Medicina Dentária e ganhar o quanto quiser por cá, pois este é um feudo e tanto! 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Ir ao dentista no Reino Unido: uma aventura a evitar! (parte 1)

Este post é dedicado à nossa mais recente aventura: os serviços dentários no Reino Unido.

Fonte: clipartlogo.com

Como todos devem concordar certamente, a dor de dentes é das dores mais horríveis de suportar. Posto isto, e após vários dias de bastante sofrimento e em dor crescente, fui obrigada a recorrer ao serviços dentários. Fui aconselhada por colegas de serviço a contactar o Serviço Nacional de Saúde (NHS) através da linha de emergência, pois só desta forma conseguiria arranjar uma consulta num dentista visto não estar registada numa clínica dentária (aprendi que da mesma forma que nos temos de registar no centro de saúde local, temos de nos registar no dentista local...). E mesmo assim teria de esperar cerca de uma semana! Uma emergência... Fiquei espantada com esta resposta, pois não podia esperar este tempo todo!

Lá liguei para a linha de emergência a uma Sexta-feira e falei com uma senhora que tomou nota da minha exposição. Ela prometeu falar com o médico, para averiguar o quão urgente era o meu caso, e ligar-me logo que possível. Cerca de 30min depois recebo uma chamada do médico a pedir novamente para expor o caso. No final desta exposição, o médico diz-me que nesse dia não é possível ser atendida mas que voltasse a ligar para o mesmo número no dia seguinte às 8h manhã a ver se tenho mais sorte! Fiquei indignada mas não tinha outro remédio, senão passar mais outra noite em claro e com dores insuportáveis. Porque isto é mesmo assim: é "à descrição" de quem está do outro lado atribuir consulta ou não!! E não é a questão do dinheiro: no privado praticamente não há serviços de emergência e, onde há, é só para quem está registado na respectiva clínica! Ah, pormenor importante: atendimento ao Sábado é considerado "emergência"...

No dia seguinte, Sábado de manhã, ligo então e a mesma coisa se passa. Recebo uma 2ª chamada (às 8h30m) e finalmente é-me atribuído um atendimento às 9h30m numa clínica dentária do NHS a 45min de casa. Tal era o meu desespero que saímos imediatamente em direcção ao local.

Chegada à clínica fui atendida por uma senhora bastante simpática que me pediu para preencher um formulário e pagar as 18 libras da consulta (taxa de consulta dentária de emergência). Entretanto, 1h depois do horário que me fui atribuído ao telefone, sou chamada pelo dentista e tenho o atendimento dentário mais rápido de toda a minha vida (10 min., nem mais nem menos!!!). Neste tempo relatei ao que vinha, disse a medicação que estava a tomar; o médico tirou umas radiografias e receitou-me uma medicação. "E pronto pode ir à sua vidinha e registar-se numa clínica dentária para receber tratamento, pois aqui é só diagnóstico"...Muito útil, não?

Pois e assim foi... vejam no próximo post a continuação desta aventura!
 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Abóbora, finalmente!

Foram precisos quase dois anos para encontrarmos por aqui abóbora para comer!! (as do Halloween não contam...)


Ora esta abóbora dá-se pelo sugestivo nome de butternut squash! E como fomos descobri-la?

Quando estivemos em Stratford-upon-Avon, fomos jantar a um restaurante britânico com inspiração na cozinha mediterrânea (uma muito boa escolha, por sinal). E um dos pratos que pedimos foi um risotto de butternut squash. Mesmo sem sabermos o que era (sabíamos apenas que era vegetariano), pareceu-nos bem um risotto. Enquanto picávamos as entradas, pesquisamos no google o que era e vimos que era uma abóbora!

Confessamos que a ligação arroz/abóbora não é a mais feliz, mas a parte boa é que finalmente descobrimos abóbora!

Não foram precisos muitos dias para descobrirmos à venda a butternut squash. E foi no Lidl que a encontramos. O Lidl é, definitivamente, dos supermercados mais interessantes por cá (na nossa perspectiva "europeia"): tem muito mais coisas do continente europeu do que qualquer outro dos supermercados "british", e com melhores preços. Não éramos grandes fãs do Lidl em Portugal, mas aqui ficámos convertidos! E qual foi a grande surpresa?


É verdade, Made in Portugal! Depois disto, ficamos intrigados, pois nunca tínhamos visto destas abóboras em Portugal. Mas era mesmo defeito nosso, pois já as comemos muitas vezes! Ora, a butternut squash é a "nossa" abóbora-menina ou, para muitos, abóbora-bolina!

A abóbora-menina/bolina por dentro
A verdade é que esta abóbora é mais usada em Portugal para doçaria. Mas para nós, passa a ser a abóbora da sopa! É o fim do reinado do swede cá em casa, um sucedâneo de abóbora que é um híbrido de nabo e couve. O nome swede tem a ver com a Suécia: é o acrónimo de Swedish turnip (nabo sueco).

O swede (fonte: visualphotos.com)
Ia dando para o gasto... mas não é a mesma coisa!

Não é que descobrir uma abóbora seja uma grande coisa, mas realmente este é mais um exemplo de como simples coisas que tomamos por garantidas em Portugal... afinal não o são!