terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O dia das bruxas também aconteceu cá em casa!

O Halloween ou Dia das Bruxas, tal como o conhecemos em Portugal, foi importado do outro lado do Atlântico, dos Estados Unidos da America, onde por vezes parece ser mais festejado que o Natal!

É certo que o Halloween tem raízes remotas em celebrações dos povos celtas, mas o "Carnaval" de hoje em dia é uma criação americana. Os britânicos, bem antes dos portugueses, importaram esta tradição de braços abertos, fazendo cada vez mais crescer o impacto deste evento na Europa. De ano para ano a sua importância parece crescer, caminhando assim a passos cada vez mais largos para ser uma celebração mundial!

Este ano decidimos dar o "benefício da dúvida" ao evento e "estragar" uma preciosa abóbora (elas só aparecem a sério nesta altura do ano, mas não para culinária!...). Quisemos ver como era a experiência e se a nossa opinião sobre o dia das bruxas mudava. Fizemos tudo como manda a tradição: pusemos o "sinal" à porta da casa, uma abóbora enfeitada com uma luz lá dentro. Claro que as nossas "carving skills" (habilidade para recortar a abóbora) são bastante limitadas, mas para primeira tentativa não nos saímos muito mal. Fica aqui a foto da nossa abóbora enfeitada e acesa para darem a vossa opinião.



Claro enfeitarem a vossa abóbora não chega, é preciso ter várias guloseimas, pois é tudo sobre "doçura ou travessura". Guloseimas compradas e abóbora devidamente enfeitada e com luz, temos de estar preparados para uma maratona de idas a porta para receber as crianças que perguntam doce ou travessura (ou simplesmente "Happy Halloween").

Este ano entramos verdadeiramente no espírito do Halloween e abrimos a porta a dezenas de crianças da vizinhança que nos visitaram em pequenos grupo, sempre acompanhadas por adultos, durante quase 3 horas. Mas foi uma surpresa bastante agradável pois todas elas eram bastante educadas e diziam obrigada pelo doce. Além de olharem para mim muito tímidas quando lhes dizia que podiam tirar outro doce se quisessem! E mesmo depois de termos retirado o nosso sinal (abóbora com luz) tivemos crianças que nos continuaram a visitar, pois ficaram rendidos aos nossos brigadeiros de chocolate, assim como muitos dos seus pais! Tal foi o sucesso que já decidimos melhorar as nossas "carving skills" para o próximo ano! Quanto mais não seja pelo espírito de comunidade e partilha que nos caracteriza como portugueses!

Para o ano prometemos mais e melhor dia das bruxas! Ate lá aproveitei a vida e sejam felizes!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Páginas Amarelas


1980? 1990? Não, 2015!

É verdade, em 2015 ainda existem Páginas Amarelas no Reino Unido!

A aparência não é muito diferente daquilo que sempre conhecemos, mas o tamanho sem dúvida: bem mais pequena, certinha para marcos do correio (como o nosso), e fina. Mas não só. O conteúdo também evoluiu. Como podem ver pela capa, o objectivo aqui é focar os pequenos negócios, sem esquecer o "mundo electrónico" (até códigos QR tem!).

A região coberta por esta edição
O negócio das Páginas Amarelas sobrevive como pode à passagem avassaladora dos tempos. Num mundo em que tudo tem de ser "já e agora", não parece haver espaço para as Páginas Amarelas. Um pouco como os diccionários em papel (a não ser para uso académico).

Por outro lado, numa altura em que tudo é global e "se não está na net, não existe" é se calhar sensato voltar às raizes e pensar em quem está à nossa volta. O Reino Unido é ainda um país com uma componente rural bastante evidente, com numerosos (e dispersos) pequenos aglomerados populacionais. O pequeno negócio é assim (ainda) muito relevante por aqui. Ao folhear a lista, tenho de reconhecer os méritos de ter à mão contactos locais para coisas tão práticas como mudanças e reparações nas casas. Vai dar jeito, mais dia menos dia.


Claro que sermos estrangeiros e, portanto, termos poucas referências torna a lista mais relevante, mas mesmo o comum dos britânicos consegue certamente arranjar motivos para não a deitar fora. Nós vamos certamente guardá-la!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Made in Portugal

Em Portugal temos a mania que só o que é de fora, isto é os produtos estrangeiros, é que são bons. Desta forma, desvalorizamos tanta coisa boa que temos no nosso país! Mas quando estamos fora do nosso país as coisas mudam completamente de figura pois sentimos muita a falta de determinadas coisas que em Portugal damos como garantidas.

Coisas como a nossa comida, o nosso vinho, o nosso pão, o nosso bom gosto no vestuário, do Sol, do poder ir à praia de biquíni e até tomar banho se nos apetecer, do nosso azeite divinal, na nossa pastelaria fina (as natas, por exemplo!), da nossa variedade de peixe fresco, do calor humano das pessoas (pelo menos no Norte do país, com as devidas excepções noutras regiões!) ... e a lista continua. Assim é nossa "obrigação", já que estamos "cá fora", levar o nosso nome bem longe e dizer com orgulho "Sou Portuguesa!!". Vamos lá ter orgulho do nosso país e de dizer sim "isto é made in Portugal".




Uma das coisas que mais admiro nos ingleses é a forma como eles "vendem" a imagem do país e dos seus produtos ao mundo e em particular à Europa. Vá Portugal vamos aprender com quem sabe a vender o nosso país e os produtos nacionais. Pois o que É NACIONAL É BOM!!


Nós, por cá, continuaremos a levar o nome do nosso país bem alto e a dizer com orgulho que SOMOS PORTUGUESES e que um dia queremos voltar para o nosso país, a nossa casa, a nossa família e os nossos amigos. Resta-nos esperar que esse dia não esteja num futuro demasiado longínquo...

quinta-feira, 21 de maio de 2015

"Um engenheiro foi chamado"

Esta é uma expressão muito vulgar por estes lados, que causa estranheza ao comum de nós, portugueses. Um médico foi chamado, tudo bem, mas um engenheiro?!

"An engineer has been called"... (fonte: www.365pubs.com)

Pois, o ponto aqui é perceber o que é um "engenheiro" por estes lados. Desde tempos para além do nosso conhecimento, um engenheiro é alguém que resolve problemas do dia-a-dia em nossas casas, onde trabalhamos ou na via pública. Até aqui tudo bem, na definição portuguesa do termo. A diferença salta à vista quando andamos na rua e vemos carrinhas de "heating engineers", "plumbing engineers" ou (heresia das heresias!) "electrical engineers". Ou seja, técnicos de ar condicionado, canalizadores e electricistas, respectivamente! Toda a gente neste pais que trabalhe no sector da construção/manutenção usa livremente o título "engenheiro". Então onde se situam os engenheiros, tal como os conhecemos em Portugal? Bem, não há grande (aparente) distinção. Um "electrical engineer" tanto pode ser um engenheiro electrotécnico como um electricista, um "civil engineer" tanto pode ser um engenheiro civil como um trolha. É assim mesmo. Já ouvi uma pessoa contar que quando uma vez se apresentou como engenheiro electrotécnico lhe perguntaram se tinha feito a instalação eléctrica da casa dele...

Apesar do significado tradicional da palavra engenheiro por estes lados, que por isso mesmo não pode ser "protegido", ainda muita gente fica frustrada com a situação. O título controlado "chartered engineer" (engenheiro "certificado", numa traducao muito livre), atribuído pelo equivalente britânico da Ordem dos Engenheiros, não tem feito o suficiente para sensibilizar o público para a profissão e separar as águas. Na verdade, a percepção geral da palavra "engenheiro" é considerada um dos motivos para a relativamente baixa proporção de alunos que vai para cursos universitários de engenharia por cá. Os adolescentes não se sentem atraídos a serem engenheiros, pela conotação publica e imagem que se tem do que é um engenheiro. Como calculam, isto sai e vai continuar a sair muito caro ao Reino Unido. Estima-se que 2.2 milhões de engenheiros serão necessários na próxima década no Reino Unido se este quiser manter um papel de liderança.

A questão do titulo "engenheiro" é tema mais que recorrente nas cartas dos membros para a revista da Ordem dos Engenheiros daqui. Deixo-vos com um desencantado desabafo de um membro, na minha opinião um das mais engraçadas cartas que li sobre o tema na revista. Para quem não está tão habituado ao inglês, o membro questiona porque não lhe chamam médico se ele é capaz de medir a sua própria tensão arterial, visto que para ser engenheiro basta apenas saber usar uma pá...

Fonte: revista "Engineering & Technology" do Institute of Engineering and Technology (IET), Fevereiro de 2015


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Chá das 5

Desde muito novos fomos acostumados à expressão "chá das 5". Proveniente de uma certa ideia romântica sobre o Reino Unido (provavelmente tendo em mente a Rainha), é uma expressão que povoa as nossas mais remotas memórias, seja pelo programa da Teresa Guilherme ou pela recordação do chá de cidreira (ou, com muita sorte, camomila) e das sensaboronas bolachas Maria ou "água e sal" por volta daquela hora. Mas será que falamos da mesma coisa no Reino Unido quando falamos do "chá das 5"?

Às 5 da tarde no Reino Unido tudo o que é casa de chá já fechou ou está a fechar. Às 5 da tarde está sim terminado o dia da grande maioria da população e é hora de voltar a casa. Tradicionalmente a classe média e operária neste país chama "tea" à refeição que faz ao chegar a casa entre as 5 e as 6 e que é, efectivamente para os nossos padrões lusitanos, o jantar deles. Abaixo está um exemplo de um "tea" inglês:

Pie and mash with gravy and peas (tarte de carne com puré, molho e ervilhas (fonte: TripAdvisor)
Como se isto já não fosse complicado o suficiente, estas pessoas chamam à refeição que fazem ao meio-dia "dinner". As primeiras vezes que ouvimos isto pensámos que ou se tinham enganado ou que nos estavam a gozar. Mas com o tempo já nos habituámos. Ah, e ainda existe a "supper" (ceia), mais ou menos pela hora a que nós jantámos (entre as 8 e as 9).

É preciso dizer que existe uma minoria, normalmente pessoas mais novas, que chama "lunch" ao almoço e "dinner" ao jantar, mas não é de facto a regra por estes lados.

Para dizer a verdade, seria difícil de definir uma hora do chá para o comum dos britânicos pois... eles passam o dia a beber chá! De caneca em caneca quase da mesma forma como algumas pessoas fumam acendendo um cigarro com a ponta do cigarro anterior. Não é exagero! É por isso que uma das última vezes que ouvi  alguém perto de mim dizer às 5.30 "I'm having my tea now" imediatamente pensei "Qual é a novidade, passaste o dia a beber chá!" para dois segundos depois lembrar-me "Ah! Esse "tea"..."